sábado, 11 de julho de 2020

Um papo sincero sobre essa p* toda!


Está confuso? Está confuso. Está demorado? Está demorado. A gente não sabe o que vai acontecer? A gente não sabe o que vai acontecer. Dá medo? Dá muito medo. Tem dia que fica mais difícil? Tem muitos dias difíceis. Mas vai passar? Vai!! Vai passar!
Vivemos tempos de muitas perguntas difíceis e poucas respostas originais. Tempos de dúvidas enormes e certezas bem pequenas. Mas, acho que são as certezas pequenas que nos enchem de esperança. Vai passar é uma delas e virou meu mantra, que repito várias vezes ao dia. Vai passar!
E enquanto essa p* toda não passa, não tem outro jeito, vamos vivendo um dia de cada vez. Tem dia que a gente chora, tem dia que ri, tem dia que bebe uma garrafa de vinho e no outro faz suco verde e dieta detox. E, no meio de tudo isso, podemos aprender algo novo, assistir mil lives e ouvir podcast. Pode-se também desconectar, ler um livro e fazer jardinagem (já matei uma muda de hortelã e outra de alecrim, mas não vou desistir). Queria ter habilidades manuais, um hobby como amigurumi, mas, por enquanto vou ficar apenas com as palavras e algumas mudas de temperos.
Tenho focado em ser uma pessoa melhor, pelo menos essa p* toda pode servir para algumas mudanças importantes. Dizem que a recompensa da paciência é a própria paciência, faz sentido.  
Enquanto essa p* toda não passa, eu te conto da minha janela – como pede a música bonitinha da AnaVitoria, que termina assim: “Eu fiz essa canção, amigo. Pro mundo inteiro se curar!”
Que assim seja!

*Onde está P*, leia-se Pandemia.

sábado, 4 de julho de 2020

O que faz sentido para você?



A vida segue seu curso. A natureza não sabe que a gente parou. Ela segue alheia ao nosso isolamento, quarentena, afastamento social. A vida simplesmente segue. O outono chegou, as folhas caíram, o inverno veio, os dias esfriaram, as noites cresceram, tudo seguiu como se não houvesse pandemia. E para natureza realmente não há.
Não sei para você, mas a pandemia já me ensinou um monte de coisas. Revi minhas prioridades, se tudo pode mudar de uma hora para outra - como devidamente demonstrado - porque ainda fazer certas coisas sem sentido? A família faz sentido, ter tempo para cuidar da saúde faz sentido, valorizar pequenos prazeres do dia a dia faz sentido. Viver estressada, triste e angustiada, não faz sentido.
Me lembro de ter uma conversa no final do ano passado, as vésperas de férias planejadas por meses, 20 dias pela Europa. Eu estava tão absurdamente cansada que não queria férias, não queria fazer turismo, não queria nada ... A minha preocupação era: será que vou conseguir curtir alguma coisa? Imagina a situação de esgotamento. Só percebi isso agora. Definitivamente, não faz sentido.  
Nunca olhei tanto o horizonte, nunca olhei tanto pela janela. Sei que sou privilegiada por poder trabalhar em casa, tenho trabalhado muito, mas estou em casa. Sair de casa passou a ser um evento, a gente estranha a rua. Estranha até coisas antes banais: colocar roupa para sair, sapato de salto, maquiagem. Parece que desaprendeu como era a antiga rotina. A nova rotina parece fácil e difícil ao mesmo tempo. A nova rotina traz desafios e aconchegos. Como tudo. Mas parece fazer sentido.
Ontem, na meditação que adotei diariamente, o Tadashi disse que é muito grato ao coronavírus, que se não fosse a pandemia, não teria conhecido e meditado com mais de 40.000 mil pessoas. Ele disse que estava precisando dessa pausa, e percebi que eu também. Percebi que a gratidão é algo muito mais especial que a palavra da moda. E para não esquecer fiz uma lista de tudo que sou grata, bom ou ruim, que a pandemia me trouxe. Tudo ensina. E enquanto isso, a natureza segue majestosamente alheia. Ainda bem.

domingo, 31 de maio de 2020

Então, estamos quites.



Logo no início da pandemia, eu estava na farmácia com meu filho. Do meu lado, uma família: mãe, filha adolescente e irmão mais novo. Acho que o menino tinha uns 9 anos. Ele, com voz alta e gestos rápidos, tentava convencer a mãe a comprar um máscara para ele. A mãe distraída não ouviu o apelo. Ele pegou a máscara que estava no balcão, e colocou na cesta de produtos que a irmã carregava. A mãe tirou a máscara e disse algo que não pude ouvir. Foram para o caixa. Eu fiquei olhando a cena, podia ouvir a respiração ofegante do menino, queria ajudar. Vi que ele estava com medo, eu também estava. Mas não consegui fazer nada.
Tenho uma caixa do livro Dicionário Ilustrado de Sentimentos no carro, quis correr para pegar um livro e dar para ele, talvez o ajudasse a entender o que estava sentindo. Talvez ajudasse a mãe a ajudar o menino. Mas não tive coragem desse gesto. Fiquei com receio da reação da mãe. Não deveria, mas fiquei e me arrependo. Penso sempre nesse menino, e torço para que ele esteja bem.
Sim, ando reflexiva. Mas acho que isso não é algo que só ocorre comigo. Talvez o mundo esteja refletindo. Acredito de verdade que o mundo está mudando para melhor. Que a adversidade está ensinando um novo modo de ser e agir. Acredito porque sou otimista. Mas acho que acredito nisso também porque comigo está sendo assim. E temos essa mania estranha de achar que o que acontece com a gente pode estar acontecendo com o outro.  Será?
Na tentativa de assistir alguma live essa semana – como assim que vou passar a quarentena sem assistir uma live ou fazer um curso? – consegui navegar por várias, nessa frenética tentativa de ver tudo, sem realmente ver nada. Mas uma vontade ficou ao ver o que as pessoas estão fazendo: preciso oferecer o meu melhor para o Mundo.  E se não bastasse a vontade, tem aquela voz que fala comigo quando medito. Sim, ouço vozes. Já que estamos aqui fazendo confissões.
A voz diz muitas coisas. Na verdade é uma voz que conhece pouco a palavra silêncio. Ela diz que posso ajudar as crianças. Ela diz que devo ajudar. Ela fala sobre sentimentos. E, sobretudo me manda falar sobre sentimentos com as crianças.  
E acho que desde a cena da farmácia estou gestando esse projeto que a voz insiste em me lembrar. Pelo menino da farmácia e por tantos meninos e meninas que precisam entender o que estão sentindo. Assim posso tentar dar o meu melhor, sou das palavras e são palavras que tenho para dar.
Ontem dei o primeiro passo concreto em direção a isso. É assim que um caminho se faz não é? Passo a passo.
Então, voz, estamos quites?

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Quem você está ouvindo nessa pandemia?




Alienei. Parei de ver notícias na televisão. Não estava me fazendo bem. Depois de um dia louco de trabalho, a última coisa que quero ver é o número crescente de óbitos ou ainda as insanidades daquele que não deve ser nominado. Então, optei por não ver mais noticiários.  
Cada vez mais, acho que temos a obrigação de buscar coisas que nos façam bem. Se não cuidarmos de nós mesmo, quem cuidará? Parece pensamento de autoajuda, e é mesmo. E daí?
Em tempo de pandemia, o julgamento dos outros interessa menos. Ou deveria interessar. O isolamento tem me feito olhar para dentro. Lamentar menos e buscar mais sentido na vida. Se é o que temos para o momento, como fazer que seja o melhor possível? No meu caso, com um pouco de alienação externa, mas muita conexão interna.
Pelo que estou entendendo, vivemos muito mais uma “doença crônica” do que “crise aguda”. Não sou especialista em isolamento social, mas me parece que em alguns lugares, como Curitiba, está dando certo. Mas dar certo, faz com que o pico da curva demore mais a chegar. O sucesso tem consequências, como tudo nessa vida.
O momento pede paciência, e diz um ditado que gosto: “a recompensa da paciência, é a própria paciência”. Tenho aprendido a respirar mais. Estou meditando todos os dias (as 6 horas da manhã e às 20h, com o @tatadashikadomoto). Aprendi a olhar pela janela e ver além do horizonte. E, ontem, aprendi algo bem importante: a ouvir meu coração e meu corpo.
Era final de semana de pós-graduação, que tem sido online, “fui” para aula no sábado, no final do dia estava exausta. Meu corpo gritava: descanso! E minha cabeça dizia: tem que ver a aula, depois terá que repor, você consegue. E minha alma gritou: descanso!!
Em outros tempos, a cabeça seria vitoriosa, mas em tempos de conexão comigo mesma, coração e alma foram ouvidos. Não “fui” para aula. E tive um excelente dia de quase “dolce far niente”.
E você, está ouvindo quem??

domingo, 10 de maio de 2020

Será que é assim que uma revolução começa?


Lembro-me que passei uma semana esperando minha menstruação descer, em nenhum momento imaginei que pudesse ser gravidez. Mas depois de 7 dias, será? Ainda incrédula, comprei o teste na farmácia. Não contei para ninguém. Domingo de manhã, Dia das Mães com minha mãe me visitando em Curitiba. A minha irmã, há 15 dias havia anunciado gravidez. Lógico que estou imaginando, pensei. Atrasou por sugestionamento. Escondi o teste na bolsa e fui ao banheiro. Meu coração batia enlouquecido, ele já sabia, lógico. Coração sempre sabe. Sabe de tudo.
Positivo! Meu primeiro Dia das Mães se confirmou.
Chamei minha mãe, segredo só é bom quando a gente conta para alguém.
*16 anos depois*
Dia das mães em época de Covid-19. Tudo em nesta pandemia parece ter gosto diferente. Existe, lá fora, uma realidade alterada, meio surreal até.
Uma das datas de varejo mais importantes para o comércio, reinventada. Novos jeitos de demonstrar amor. Menos material, talvez. Afeto de mil maneiras novas, é assim o amor, sempre dá seu jeito. E se tem mãe envolvida na história, tudo parece mais fácil e possível. Todo mundo gosta de ganhar presente, mas, dessa vez, o que todos mais queriam era a presença. E de algum forma, aconteceu.
Passe os olhos pelas redes sociais, é amor que se diz? É amor que se vê! 
Esse 10 de Maio de 2020 jamais será esquecido. Será que é assim que toda transformação começa? Será assim que uma revolução é feita? O coração, enquanto escrevo, bate enlouquecido. Ele sabe a resposta. Ele sempre sabe. Que pena que a gente ouça tão pouco o que ele tem a dizer.
Que venham tempos novos, reinventados, revisitados, repensados, reconectados, reparados, reutilizados, relidos, refeitos, reinaugurados. Enfim, a revolução está ai...
Feliz e abençoado Dia das Mães.

sábado, 25 de abril de 2020

Se o mundo parou, como que as mudanças aceleraram?



Tive uma excelente aula na pós-graduação de Neurobusiness  no final de semana passado, primeira vez online. Nunca fui muito fã de EAD, mas no último mês, tudo mudou. Depois de zilhões de reuniões por zoom, hangouts, whatsapp, facetime, mudei de opinião. E “fui” para aula feliz.
Sempre gostei de estudar, adoro o gosto que aprender deixa na boca, acho que nunca vou me saciar. Li uma vez, não lembro onde, sobre alguém que se não tivesse aprendido uma coisa nova no dia, não conseguia dormir. Levantava para abrir a enciclopédia e só depois de ter aprendido algo, voltava para cama.
A aula foi especialmente importante, não só pelo conteúdo, que foi ótimo.  Acho que o isolamento reforça a bolha que vivemos, assistimos, ouvimos, consumimos o mesmo. E ter a oportunidade de ouvir outras histórias, ver o mundo por outras perspectivas, aprender com experiências bem sucedidas dos outros, é ótimo. Faz pensar e transforma, constrói um novo lugar de fala. Que é sempre bom. (obrigada prof e colegas!)
A pandemia é uma só, porém, percebo que cada pessoa vivencia de uma forma diferente. A pandemia está no mundo inteiro para todos, ao mesmo tempo em que nos iguala nos diferencia. Vejo pessoas se reinventando, vejo empresas se reinventando, usando a criatividade e outras mil estratégias para passar por isso de um jeito melhor. Ao mesmo tempo em que vejo pessoas e empresas olhando estáticas para o copo vazio, sem saber o que fazer.
Tenho conversado com amigos, que também estão em homeoffice, e todos, sem exceção, dizem que estão trabalhando muito. E o trabalho em casa, embora, cheio de prós, não respeita horários, e lá se vai um expediente de 12 horas... (por isso que só consegui escrever uma semana depois)
O mundo nunca mais será o mesmo, as pessoas jamais serão as mesmas. O mundo parou, mas as mudanças aceleraram. Parecia algo improvável de acontecer, como pode haver tanta mudança com o mundo parado?? O fato, é que não parou. Porque a vida sempre dá um jeito de continuar. Somos provas disso.  

sábado, 11 de abril de 2020

Como saber o que é real, verdade, mentira, fake news ou fantasia?



O mundo nunca esteve tão virtual como nos últimos dias, e ao mesmo tempo, as notícias nunca me pareceram tão doloridamente reais. O número de óbitos cresce no mundo todo, ao mesmo tempo, que uma estúpida disputa política acontece no Brasil.  Não consigo deixar de pensar no desperdício de energia que isso causa. Seria tão mais fácil que os diferentes se ouvissem, se respeitassem e adotassem medidas razoáveis. Mas, já disse meu personagem preferido de todos os tempos, e sem medo de parecer piegas, cito o Pequeno Príncipe: “ As pessoas grandes são, definitivamente, muito bizarras”!
Ao assistir os noticiários, impossível não compartilhar da mesma opinião: as pessoas grandes são, de fato, bizarras. Mas não as crianças. As crianças são o que há de melhor no mundo. E, por alguma razão que a ciência ainda não compreende, estão sendo poupadas de complicações causadas pelo COVID-19. Gosto de estar perto de crianças, gosto de escrever para crianças, gosto de saber que meu trabalho de alguma forma, ajuda as crianças a crescerem com mais saúde, seja, física ou emocionalmente.
Acredito que cabe a cada um de nós, adultos, vez por outra, bizarros, zelar pelas crianças e pelo mundo que deixaremos para elas. Que mundo irá ficar? Que mundo estamos construindo? Que história estamos escrevendo? Tenho mais perguntas que respostas. Tenho mais incertezas que certezas, mas tenho, acima de tudo (sem medo de parecer piegas de novo) esperança.
Acredito que dentro de cada um de nós, ainda habita a criança que um dia fomos. A criança que se encanta quando vê a imagem de um golfinho nos canais de Veneza. Parece que a imagem é fake news, mas não deixa de ser encantadora. Indianos conseguem ver o pico do Himalaia pela primeira vez, depois de 30 anos, por causa da dimunioção da poluição. Não sei se é verdade, mas isso me faz sorrir.  
Se desse para preferir algum tipo de fake news, essas seriam as minhas preferidas. E ouso, incluir mais uma “Fadas foram vistas passeando pelo mundo dos humanos. Uma delas, de cabelos e botas cor de rosa, pedia para autora mais uma história. ” A autora ainda não se pronunciou, finalizava a notícia. Será fake news ou a mente fantasiosa de uma autora em quarentena?

domingo, 29 de março de 2020

Quem sairá dessa pandemia?


Olho ao redor e vejo um mundo dividido, as opiniões e convicções nos dividem. Nunca desejei tanto o caminho do meio pregado por Buda. Ou isolamento social, ou economia ativa. Ou carreata, ou panelaço. Ou discussão na rede social, ou bloqueio de quem pensa diferente. Será que há um jeito de manter as pessoas protegidas e a economia ativa? Talvez com diálogo, sim. Talvez com soluções criativas, sim. Talvez com uso de tecnologia, sim.

Eu sou otimista, acredito que é possível! Basta que os diferentes, se ouçam. Como aprendi há muito tempo, toda história tem no mínimo dois lados, e os dois lados podem estar certos ao mesmo tempo. Tudo depende do ponto de vista e do lugar que a pessoa ocupa.  Precisamos conversar mais e discutir menos. Uma história precisa de mais de um personagem para que seja escrita.   


No meio de tudo isso, tenho apenas uma certeza, ninguém sairá da pandemia do mesmo jeito que entrou. Algo irá mudar dentro e, com isso, as mudanças do lado de fora também irão aparecer. Impossível passar por uma crise, sem parar para pensar, sem refletir sobre a vida e, nesse caso, também sobre a morte. Apesar das estatísticas mostrarem que o grupo de risco são as pessoas mais velhas, alguns casos de óbitos de “jovens” aparecem no noticiário. Seriam os pontos fora da curva? Pelo jeito, então, existe a possibilidade de sermos também esse ponto.  Como não parar para refletir? E toda reflexão transforma.

Como escritora, acredito no poder da palavra, acredito que a palavra tem poder mágico que toca as pessoas e aciona algo dentro delas. Por isso sou apaixonada por histórias, inúmeras vezes chorei lendo um livro. Se a palavra tem o poder de fazer chorar, tem o poder de fazer rir, de emocionar e de curar. Escrevo para curar, não aos outros, mas a mim mesma.

Quando tive câncer, há muitos anos, busquei nos livros algumas respostas. Lembro especialmente do “Por um Fio, de Dráuzio Varella”. O que ficou para mim, após a leitura, foi uma grande reflexão que carrego até hoje: Porque as pessoas precisam saber que estão morrendo – ou podem morrer em breve -  para começar a viver? Em tempo de pandemia e projeções de números de mortos, como não pensar nisso? E me pego escrevendo uma lista de coisas que quero fazer quando tudo isso passar. Vai passar.

Não há para onde fugir. Então, o jeito é ficar e encarar com leveza, prontidão e bons pensamentos. Na última semana, me mantive em isolamento social, estou trabalhando em casa, trabalhando muito, mas em casa. Quando finalmente saio do computador, preciso me distrair, por isso fico procurando na televisão programas leves. Não quero ver noticiários.

Dias desses, achei uma reprise do Chapolin Colorado (me julguem!), quando as pessoas em perigo perguntam: “E, agora, quem poderá me defender? ” Ele aparece.  No nosso caso, não tem Chapolin, nem nenhum outro herói.  Mas, tenho uma resposta, por isso refaço a pergunta:

- E, agora, quem poderá nos salvar?  Nós mesmos. A humanidade irá salvar a humanidade.

E isso é lindo!!