domingo, 11 de janeiro de 2015

MEUS HOMENS CHORAM


Há 11 anos, no dia de Reis, 06 de janeiro, nasceu a mãe que sou. Nunca soube explicar e talvez seja algo inexplicável mesmo. Assim que coloquei meus olhos no meu filho, um amor que eu não sabia que existia dentro de mim, surgiu. Bastou um segundo, para o maior amor do mundo fazer morada na mãe que eu acabava de me tornar.  Mãe e filho nasceram no mesmo instante, 11 anos depois, parece que apenas pisquei os olhos. Mas, não é disso que a vida é feita? Piscadelas.  “A vida das gentes neste mundo, senhor Sabugo, é isso. Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia. Pisca e mama, pisca e brinca, pisca e estuda, pisca e ama, pisca e cria filhos...”
Em um dessas piscadelas, vi meu filho chorando, choro sentido, lágrimas escorrendo pelo rosto. Coração de mãe em pedaços. Sei que não dá para evitar todas as lágrimas, sei que os obstáculos da vida são grandes, existem pedras no caminho, existe decepção e insensatez. Mas, aquelas lágrimas, por incrível que possa parecer, mostraram que meu filho é um lindo ser humano. E que está crescendo, que é capaz de sentir e de manifestar seus sentimentos. Isso, é algo tão importante para crescer saudável, que preciso, mesmo de coração partido, celebrar aquelas lágrimas.
Um dia depois, saio correndo para socorrer meu pai, uma cirurgia simples, que acabou não sendo tão simples. Do aeroporto vou direto ao hospital. De onde escrevo nesse momento. Dor, muita dor, e lágrimas. De dor, de cansaço, de raiva ... Dor que não passa. E, na mesma semana  que vi meu filho chorando, vejo meu pai. De novo, impotente. Não sei o que fazer, e a resposta vem certeira: segura na mão dele e chora também. 
Não chorei, mas entendi que a resposta é muito mais simples. Que a lição que meu filho e meu pai me deram foi muito maior do que a dor. Quando estamos dispostos a aprender, o amor sempre será maior que a dor. É uma questão de escolha.

A pessoa da resposta certeira, nesse momento, chora também, porque meus homens choram, enquanto me ensinam.