domingo, 15 de julho de 2012

Flip, eu já fui, mas não na última.




Em 2009, depois de acompanhar a Flip à distância por anos, fui conferir pessoalmente. AMEI.  Na época ainda não existia o Nanda Pitanga, fiz anotações que ficaram guardadas e que hoje compartilho aqui. Infelizmente, não consegui mais voltar e como passou a ser “dolorido” acompanhar à distância, fingi que nem estava acontecendo. Esse ano fiquei especialmente triste, era o Drummond ...

Mesas Literárias que são clássicos pra mim.
Duas mesas literárias me marcaram mais, queria estar escrevendo sobre a 10º. Flip, mas como Calvino disse: Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizerPra mim são dois clássicos, que continuam falando comigo.
Antonio Lobo Antunes, a mesa literária foi tão linda, de uma beleza profunda e comovente, cheia de sutilezas e delicadezas, coisa reservada para os grandes.

Citando um livro que gostou diz: "É uma prosa maravilhosa, como se a mão estivesse cheia de dedos mindinhos, então, todos os dedos dele são mindinhos quando escreve"

Ao final, foi aplaudido em pé, e quando o público já estava deixando o local voltou e disse: "- Eu queria antes de ir embora agradecer pela maneira extraordinária, a generosidade, o carinho e a ternura com que me receberam aqui. Deus vos pague!"



Impossível esquecer-se de Edson Nery da Fonseca declamando a Arte de Amar do Manuel Bandeira. Declamou essa e outras poesias de cor. E ao ser indagado se já havia "usado" o poema com alguma mulher, ele riu e disse: - Claro, com muitas!

ARTE DE AMAR
Se queres sentir a felicidade de amar,
esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.



Aprendizados de Paraty
Entendi que poesia também tem o poder de embriagar. A Flip de 2009 foi dedica a Manuel Bandeira, e a poesia estava no ar. Imagino que esse ano deve ter sido assim também com o Drummond.

As pedras no caminho.
Percebi que há dois tipos de pessoas em Paraty: as que andam olhando para baixo, tentando se equilibrar nas pedras, e as que, simplesmente, andam. É bonito de ver as que simplesmente andam.  Drummond deve ter gostado disso.