segunda-feira, 28 de junho de 2010

Entendendo a vida.

Meu afilhadinho mais novo teve que fazer uma cirurgia. Era um problema congênito. Fiquei com os pais sentada na frente da porta do centro cirúrgico esperando. Espera difícil. O tempo parecia não passar. Eu falava sem parar tentando distrair os pais, mas na verdade eu  estava tão nervosa quanto eles.
Nessas horas as pessoas sempre ficam mais solidárias, afinal estão passando pela mesma dor, outras mães, pais, irmãos, tios e tias também esperavam notícias de suas crianças. Começamos a conversar.
Uma mãe esperava a filha prematura que estava fazendo uma cirurgia no coração, era um bebezinho. A outra mãe dormia sentada, cansada por dias e dias acompanhando o filho. Uma família esperava uma criança que estava fazendo uma cirurgia crânio-facial. Casos sério, complicados, de risco. Fiz uma prece pelas crianças e agradeci por estarmos lá por um motivo mais simples. Embora sério, não era uma cirurgia complicada. 
Meus olhos encheram de lágrimas quando a menininha que estava sendo operada do coração saiu. A cirurgia tinha sido um sucesso. A mãe chorava abraçada ao pai. 
As vezes precisamos da comparação para entender certas coisas.
Naquele momento, eu entendi.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A vida como ela é ...

Acontecimentos recentes me fizerem duvidar da fé. Passei alguns dias questionando a vida. A vida como ela é não é uma coisa muito fácil, mas enfim, é a vida como ela é. Tentei entender por que isso aconteceu (tenho por principio não escrever sobre coisas ruins, acho que é uma forma de não propagar tristeza). É a minha mente que tudo quer saber, tudo quer entender. As vezes tenho que me render e me contentar em não ter uma resposta. Pelo menos não imediata. Geralmente quando algo nos acontece, imediatamente não conseguimos medir a dimensão daquilo. Precisamos de tempo, de espaço, ampliar a perspectiva. 
Atualmente acho que o câncer foi um presente, mas na época achei que era uma puta de uma sacanagem. Então, como eu disse, foi preciso tempo... Talvez nessa situação seja a mesma coisa. 

Desde ontem só consigo me lembrar de uma história que li sobre o Chico Xavier. Ele estava triste, irritado com as doenças que o incomodavam (a vida dele não foi nada fácil) e reclamava para o Emmanuel. Emmanuel então disse: Você queria o quê? Privilégios?

Acho que não preciso dizer mais nada. Afinal, é a vida como ela é. 

sábado, 19 de junho de 2010

Causa da Morte.

     Eu leio obituários.
     Não diariamente, mas de vez em quando meus olhos procuram no jornal o local em que eles costumam ficar. Algumas vezes leio inteiro, outras vejo a foto e procuro a causa da morte. Um dia a causa me fez rir, não riso de deboche, riso de alento. A pessoa em questão tinha morrido de queda. Isso mesmo: queda.
     Fiquei pensando no meu próprio obituário. Não quero morrer de causa óbvia: câncer, pneumonia, enfarte. Se eu pudesse escolher, escolheria algo mais inspirado.
     Queria morrer de assombro. Aquela sensação boa, que não se explica, se sente. 
     O deslumbramento diante da vida, quando algo bom acontece, vindo do nada. Quando se percebe que as consequências de algo poderiam ser terríveis e que não foram. Estamos bem, seguros, a salvo.
     Assombra  perceber que não estou só,  e nesses momentos tenho certeza que Alguém cuida de mim.
     Assombra a consciência dos pequenos milagres diários. Quando percebo, não como os olhos, mas com o coração, de que a vida é muito mais do que uma sucessão de dias, semanas, meses e anos. E quando isso acontece sou tomada por um arrebatamento, e nesse breve espaço de tempo, entendo que faz sentido. Que há um sentido nisso tudo.
    Talvez isso seja fé. 
    E fé assombra e arrebata. 

sábado, 12 de junho de 2010

Tipos de leitura, minha monografia e uma vela para Santo Antonio.

No ano passado fiz uma Oficina de Romance como o escritor Raimundo Carrerro na Bienal de Curitiba. Durante a oficina ele disse que existiam três tipo de leitura.
A primeira é a que se faz com os olhos, o leitor e seu livro, no ato da leitura.
A segunda é quando o leitor afasta o livro e de olhos fechados, pensa.
E a terceira é a leitura técnica.
Quanto as duas primeiras, como leitora, estou muito acostumada. Mas e a leitura técnica?
Imediatamente pensei que teria que reler tudo que eu já havia lido. E um desespero me invadiu. Nunca vou dar conta de ler tudo que eu quero ler e ainda vou ter que reler??

Resolvi estudar Literatura.

Além de leitora compulsiva agora também sou aluna especial da disciplina Literatura e Leitura do Mestrado de Letras da UFPR. Estou amando as aulas, acordo super cedo na segunda-feira e vou feliz para aula. Queria fazer só isso da vida: ler, estudar, ler mais um pouco e as vezes escrever  ...

Como nada é perfeito tenho que fazer uma monografia. Nunca fiz uma. Nunca. Na conclusão de meu curso de administração fiz estágio supervisionado, sem monografia. Na pós-gradução, também não fiz, o trabalho de conclusão foi a implantação de um projeto. Ou seja, não sei fazer. Soma-se a isso o fato de que esse universo é muito novo para mim.

Já mudei de tema doze vezes ... na segunda-feira tenho que apresentar uma proposta de tema, linhas gerais do que pretendo escrever ... e por enquanto só tenho a apresentar meu desespero.

Será que Santo Antonio, hoje é dia dele, não pode dar uma mãozinha para mim? Vou ali acender uma vela e rezar para ele, vai que ele me atende ... Amém! 

sábado, 5 de junho de 2010

Tradições familiares em um domingo festivo.

      Reuniões familiares servem para muitas coisas: pessoas se encontram, matam saudades, revivem dinâmica familiar, contam histórias, relembram tempos, contam mais histórias. E no caso da minha família, bebem e comem. 
      Costumo dizer que aprendi a beber em casa. Esse é um ritual importante na família, brindar à vida com boas bebidas.
      No último Natal bebemos juntos, cada um recebeu uma dose da Anisio Santiago (ex Havana), cachaça lendária da região de Salinas. Estávamos sentado ao redor da mesa, entardecia, ninguém acendeu a luz, pairava um silêncio respeitoso no ar. Fizemos um brinde sem palavras, apenas com a cabeça. E depois cada um voltou-se para sua dose de cachaça e deu um gole. Foi um ritual bonito.
      Mas o assunto hoje é outro. Além de bebidas, temos comidas familiares, tradições novas e antigas. Uma das mais antigas é um prato que meu pai aprendeu com o pai dele. Meu pai fazia para gente quando éramos pequenos no café da manhã de domingo. Geralmente domingos festivos.
      Hoje fazemos na manhã de Natal. Meu avô ensinou meu pai e ele provavelmente aprendeu com o pai dele (não sei se isso é verdade, nem vou verificar porque gosto de pensar que foi assim).
      Meus irmãos aprenderam com meu pai, eu não. Sou a única que não sabe fazer. E prefiro que fique assim. Espero as reuniões familiares para poder comer o viradinho.
      Aproveitei o feriado para visitar minha irmã e já encomendei meu viradinho antecipadamente. Domingo de manhã o menu estava definido. Acontece que hoje, sábado, resolvemos que amanhã vamos sair bem cedo para não pegar movimento na volta. Sei que é uma decisão sensata por isso não contestei ... mas estou aqui pensando em quando que vou comer meu viradinho ...


Receita do Viradinho   

Ingredientes
Farinha de milho
Queijo
Ovo
Açúcar

Modo de fazer
Não posso revelar, porque eu não sei.
Só sei que a receita tem segredos bem guardados.
O queijo precisa ser meia cura, e fatiado no sentido correto.
Cada ingrediente têm a hora e a quantidade certa para entrar na panela.

Modo de servir:
Sirva quente, em um domingo especial, com a família reunida.


p.s. estava aqui escrevendo e minha irmã entrou no quarto, aproveitei para checar os ingredientes. Ela disse que vai acordar amanhã às seis horas para fazer meu viradinho. Família é ou não é demais???