Eu leio obituários.
Não diariamente, mas de vez em quando meus olhos procuram no jornal o local em que eles costumam ficar. Algumas vezes leio inteiro, outras vejo a foto e procuro a causa da morte. Um dia a causa me fez rir, não riso de deboche, riso de alento. A pessoa em questão tinha morrido de queda. Isso mesmo: queda.
Fiquei pensando no meu próprio obituário. Não quero morrer de causa óbvia: câncer, pneumonia, enfarte. Se eu pudesse escolher, escolheria algo mais inspirado.
Queria morrer de assombro. Aquela sensação boa, que não se explica, se sente.
O deslumbramento diante da vida, quando algo bom acontece, vindo do nada. Quando se percebe que as consequências de algo poderiam ser terríveis e que não foram. Estamos bem, seguros, a salvo.
Assombra perceber que não estou só, e nesses momentos tenho certeza que Alguém cuida de mim.
Assombra a consciência dos pequenos milagres diários. Quando percebo, não como os olhos, mas com o coração, de que a vida é muito mais do que uma sucessão de dias, semanas, meses e anos. E quando isso acontece sou tomada por um arrebatamento, e nesse breve espaço de tempo, entendo que faz sentido. Que há um sentido nisso tudo.
Assombra a consciência dos pequenos milagres diários. Quando percebo, não como os olhos, mas com o coração, de que a vida é muito mais do que uma sucessão de dias, semanas, meses e anos. E quando isso acontece sou tomada por um arrebatamento, e nesse breve espaço de tempo, entendo que faz sentido. Que há um sentido nisso tudo.
Talvez isso seja fé.
E fé assombra e arrebata.
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