A vida segue seu curso. A natureza não sabe que a gente
parou. Ela segue alheia ao nosso isolamento, quarentena, afastamento social. A
vida simplesmente segue. O outono chegou, as folhas caíram, o inverno veio, os
dias esfriaram, as noites cresceram, tudo seguiu como se não houvesse pandemia.
E para natureza realmente não há.
Não sei para você, mas a pandemia já me ensinou um monte de
coisas. Revi minhas prioridades, se tudo pode mudar de uma hora para outra - como
devidamente demonstrado - porque ainda fazer certas coisas sem sentido? A família faz
sentido, ter tempo para cuidar da saúde faz sentido, valorizar pequenos
prazeres do dia a dia faz sentido. Viver estressada, triste e angustiada, não
faz sentido.
Me lembro de ter uma conversa no final do ano passado, as vésperas
de férias planejadas por meses, 20 dias pela Europa. Eu estava tão absurdamente
cansada que não queria férias, não queria fazer turismo, não queria nada ... A minha
preocupação era: será que vou conseguir curtir alguma coisa? Imagina a situação
de esgotamento. Só percebi isso agora. Definitivamente, não faz sentido.
Nunca olhei tanto o horizonte, nunca olhei tanto pela
janela. Sei que sou privilegiada por poder trabalhar em casa, tenho trabalhado
muito, mas estou em casa. Sair de casa passou a ser um evento, a gente estranha
a rua. Estranha até coisas antes banais: colocar roupa para sair, sapato de
salto, maquiagem. Parece que desaprendeu como era a antiga rotina. A nova
rotina parece fácil e difícil ao mesmo tempo. A nova rotina traz desafios e
aconchegos. Como tudo. Mas parece fazer sentido.
Ontem, na meditação que adotei diariamente, o Tadashi disse
que é muito grato ao coronavírus, que se não fosse a pandemia, não teria
conhecido e meditado com mais de 40.000 mil pessoas. Ele disse que estava
precisando dessa pausa, e percebi que eu também. Percebi que a gratidão é algo
muito mais especial que a palavra da moda. E para não esquecer fiz uma lista de
tudo que sou grata, bom ou ruim, que a pandemia me trouxe. Tudo ensina. E
enquanto isso, a natureza segue majestosamente alheia. Ainda bem.
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