domingo, 2 de dezembro de 2012

Gosto de sonho realizado.




Sempre fui a favor de celebrações. Celebrar a vida, as conquistas, os encontros, até os desencontros, até as dificuldades. Tudo ensina, e se aprendemos, vale celebrar. Não há dúvida que a melhor celebração de todas é a realização de um sonho. E se é sonho antigo, sonho que começou lá na infância, sonho batalhado, suado, sofrido, vale mais ainda!

Sonho que se Sonha Junto...
No dia 20 de outubro de 2012, véspera do meu aniversário, realizei um grande sonho, presente para aquela menina que aos 12 anos escreveu no seu diário que queria ser escritora.
Sou escritora.
A vida tem seus caprichos e surpresas e acaba nos colocando no lugar certo na hora certa.
Um projeto lindo do Hospital Pequeno Príncipe precisava de texto. Não aceitei o convite logo de primeira. Deu frio na barriga, aquele lado que adora nos sabotar, sabe? Mas devido a insistência de duas pessoas muito especiais, cada uma do seu jeito, acabei aceitando. A elas só tenho a agradecer.
Minha irmã do coração, Fabiana Salgueiro, que sempre me incentivou. No Bichonário não foi diferente, me deu ideias, organizou os desenhos, pesquisou sobre os bichos, esboçou comigo textos e nunca me deixou desistir. E a Eliane Aleixo, produtora cultural muito especial, que fez de tudo para que esse projeto (e outros que estão vindo por ai) acontecesse. Nunca vou conseguir agradecer o suficiente. Obrigada do fundo do meu coração.



É realidade.
Na semana anterior ao dia do lançamento, quase desisti...E se as pessoas não gostarem? Será que vou saber fazer dedicatória? Manhã de autógrafos??? E quer saber? Foi fácil, parecia que eu sempre fiz aquilo na vida. Deve ser memória de vida passada. E o melhor de tudo? A recepção das crianças. Elas adoraram o livro.








Sou escritora
O sabor de sonho realizado é ótimo. Escrever para criança, melhor ainda. Ser lida, entendida, apreciada, aplaudida pelas crianças, tem gosto de quero mais.

Me aguardem!!!


P.S. tenho um lista enorme de pessoas para agradecer. No próximo post...

domingo, 19 de agosto de 2012

Sabe por que me apaixono por determinado livro?




Era uma manhã de sábado, dia lindo lá fora. Privilégios que só o Rio tem, janela da faculdade com vista para o Pão de Açúcar.

A pergunta me chamou de volta à sala de aula. Ele tinha a resposta. Eu esperava por uma grande revelação. Não peguei o início da conversa, quem foi que disse, eu não sei, mas essas palavras me fisgaram.

- Geralmente nos apaixonamos pelos livros que dizem o que não conseguimos dizer.

Parece simples, e até óbvio. Mas tive que concordar. Foi assim que me apaixonei por tantos livros. Sabe aquela vontade de ler em voz alta só para poder compartilhar com alguém? Eu sou assim.Tem autor que consegue traduzir exatamente o que sou, sinto, e que nunca tinha conseguido expressar de forma tão clara e contundente. A vida sempre imita a arte, ou a arte imita a vida?

Me apaixono pelas palavras que encaixam nas lacunas, espaços vazios ou repletos de interrogações. São os livros-repostas. Amo-os e para esses reservo um lugar especial na estante. Em um dia qualquer, lendo um livro, um jornal, cartas ou emails, acontece a mágica. E as palavras ditas por outra boca, poderia ter sido dita pela minha, por ser tão exata.

E mais, acho que me apaixono porque a palavra de outro me faz entender que pertenço a algo, que alguém já sentiu o que estou sentindo. Serve de consolo, pois sei que não estou sozinha, que há semelhantes, pessoas que pensam, sentem, fazem, exatamente, como eu.

Essa é a magia da palavra, por isso sou apaixonada por ela.

domingo, 15 de julho de 2012

Flip, eu já fui, mas não na última.




Em 2009, depois de acompanhar a Flip à distância por anos, fui conferir pessoalmente. AMEI.  Na época ainda não existia o Nanda Pitanga, fiz anotações que ficaram guardadas e que hoje compartilho aqui. Infelizmente, não consegui mais voltar e como passou a ser “dolorido” acompanhar à distância, fingi que nem estava acontecendo. Esse ano fiquei especialmente triste, era o Drummond ...

Mesas Literárias que são clássicos pra mim.
Duas mesas literárias me marcaram mais, queria estar escrevendo sobre a 10º. Flip, mas como Calvino disse: Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizerPra mim são dois clássicos, que continuam falando comigo.
Antonio Lobo Antunes, a mesa literária foi tão linda, de uma beleza profunda e comovente, cheia de sutilezas e delicadezas, coisa reservada para os grandes.

Citando um livro que gostou diz: "É uma prosa maravilhosa, como se a mão estivesse cheia de dedos mindinhos, então, todos os dedos dele são mindinhos quando escreve"

Ao final, foi aplaudido em pé, e quando o público já estava deixando o local voltou e disse: "- Eu queria antes de ir embora agradecer pela maneira extraordinária, a generosidade, o carinho e a ternura com que me receberam aqui. Deus vos pague!"



Impossível esquecer-se de Edson Nery da Fonseca declamando a Arte de Amar do Manuel Bandeira. Declamou essa e outras poesias de cor. E ao ser indagado se já havia "usado" o poema com alguma mulher, ele riu e disse: - Claro, com muitas!

ARTE DE AMAR
Se queres sentir a felicidade de amar,
esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.



Aprendizados de Paraty
Entendi que poesia também tem o poder de embriagar. A Flip de 2009 foi dedica a Manuel Bandeira, e a poesia estava no ar. Imagino que esse ano deve ter sido assim também com o Drummond.

As pedras no caminho.
Percebi que há dois tipos de pessoas em Paraty: as que andam olhando para baixo, tentando se equilibrar nas pedras, e as que, simplesmente, andam. É bonito de ver as que simplesmente andam.  Drummond deve ter gostado disso.


domingo, 27 de maio de 2012

Onde histórias se cruzam em cenários diversos.

Cenário 1.
Logo que vim morar em Curitiba conheci a Família Folha. Família Folha, pra quem não sabe, foi o simbolo da campanha de reciclagem. Gostei das folhas e não sei porque comecei a chamar a minha própria família de Folha. Folha Mãe, Folha Pai e nós, filhos, folhinhas. Pegou. Ligo em casa e pergunto para minha mãe: -O Folha está?

Cenário 2.
Há alguns anos, um moço mineiro resolveu aventurar-se pelo Mato Grosso, terra selvagem, cheia de oportunidades. Na mesma época, moça paulista, pegou carona em um ônibus de estudantes, também para o Mato Grosso. O prefeito da cidadezinha fazia a recepção aos estudantes, aproveitou e chamou amigos, entre eles, um engenheiro mineiro. Moça ao descer do ônibus, tropeça, cai, machuca o joelho. Engenheiro vai acudir. Jeitinho mineiro, já de olho na moça que choraminga. - Chora não, ele diz, conheço remédio bom. Minha mãe me ensinou. Não tem erro. Posso? E sem esperar resposta ou reação, abaixa-se e tasca um beijo no joelho da moça. Deu casamento. Esse dia é até hoje comemorado - 19 de Abril - Dia do Índio - Dia do Conhecimento.

Cenário 3.
Cartão comemorativo ao Dia do Conhecimento, 44 anos depois.

"Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo." Neruda


Cenário 4.
Chorei, filha de folha plantada no peito que sou.



segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A Dama de Ferro e o Vini.

Eu e o Vini procurando um filme no cinema.
- Mãe, queria ver a Dama de Ferro.
- Filho, não é filme para criança.
Escolhemos outro para aproveitar a tarde com um programinha gostoso mãe-filho-pipoca.
Na fila, o Vini olha pro cartaz:
- A Dama de Ferro é mulher ou mãe do homem de ferro? Tá mais para mãe, né?
- Ah! Por isso que você queria ver a Dama de Ferro.
- É, queria ver a mãe do homem de ferro.
- Não, filho, Dama de Ferro era o apelido da primeira ministra da Inglaterra. Ela era muito ... [queria dizer fodona, mas não achei adequado] .... muito...
- Trabalhadora, mãe?
- É, e durona também, por isso esse apelido. Ela não é parente do homem de ferro.
- Ah...

[Expliquei da melhor forma que pude, afinal, o Vini só tem 8 anos, e explicar política internacional não é meu forte]

Dias depois, após o jornal nacional, me pergunta:
- Mãe, você acha que o Obama fica?
- Veja bem, meu filho.

Hoje acordou me perguntando do Oscar, queria saber se o Rio ganhou. Fomos olhar na internet. Ele leu a lista da premiação, ficou triste pelo Rio, mas feliz pela Dama de Ferro, apesar de não ser parente do Homem de Ferro.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

No meio do caminho tinha a Biblioteca Nacional e mais algumas surpresas.

Biblioteca Nacional

Fui visitar a Biblioteca Nacional no Rio. Já na entrada fiquei de boca aberta, do chão ao teto, da escadaria ao vitral, tudo é lindo e tem uma atmosfera de respeito, do tipo que se encontra em igreja. As pessoas falam mais baixo ou silenciam. Bonito de ver e sentir.



Vi a escrivaninha que Carlos Drummond usava assiduamente, e diz a lenda que se algum desavisado estivesse sentado lá, ele pedia para que um funcionário fosse falar com a pessoa. Achei de uma empáfia  linda, coisa de grande poeta que pode, não sei se na época ele já era reconhecido, mas por mim, já podia. A quantidade de livros é algo que intimida, são vários andares pra cima com piso de vidro e estantes de aço. Mas no térreo, o piso é mosaico português e as escrivaninhas são de madeira escura, antigas, com o mesmo ar que impõe respeito do resto. Amei o salão de livros raros, tem cofres enormes para guardar as raridades.
Saí de lá feliz, impregnada de letras, palavras, páginas e história.


Mas quis o destino que o caminho para o hotel me reservasse uma grata surpresa.

Villarino.
De fora não se dá nada, o que me chamou atenção foi o nome, já tinha lido sobre o lugar em alguns livros. Villarino, o bar que Vinicius e Tom se conheceram. Entrei, afinal, não só de letras se vive, precisamos de alguns litros também. Lembrei de uma época muito boa da minha vida, de infinitos papos nas mesas de bar, de litros e litros brindados e de grandes amigos que ficaram pelo caminho. Nostalgia. Cheguei a conclusão que na medida certa, boêmia só faz bem e, como os livros, ajuda a formar o caráter.





P.S Olhando as fotos espalhadas pelas paredes, desejei estar em um filme do Woody Allen.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Rua Odorico Quadros, 280.

Vivi dos 3 aos 22 anos na mesma casa. A casa da Odorico Quadros.
Mesmo há muitos anos longe de Campo Grande e mais ainda dessa casa, ela é ainda uma referência muito forte. Não é apego ao passado. Acho que é mais um apego ao simbolo de lar.
A casa foi vendida, se transformou em uma clínica de fisioterapia. Não foi feliz. Não era sua vocação.
Atualmente se transformou em um restaurante. E como pude constatar, está muito feliz.

A visita não foi fácil, demorei para ir conhecer o novo restaurante. Enfim, em um das minhas vindas a Campo Grande, tomei coragem e fomos.

A entrada permanece igual. As mesmas plantas, o mesmo paralelepipido, caminho que fiz durante anos  ... chegar em casa, estar em casa ... era o que o caminho significava.

Na porta (a mesma porta de madeira maciça) a gerente deu as boas vindas.

- Boa noite, já conhecem a casa?

[Ela poderia ter dito qualquer outra coisa. Já conhecem o restaurante? Mesa para quatro? Preferem na varanda ou no salão? Esperam mais alguém? Mas não, ela disse: - Conhecem a casa? A c.a.s.a.?? Vejam bem, foi a minha casa durante anos. Minha casa!!!!]

Silêncio. Um silêncio constrangedor pairou no ar. Quatro pares de olhos encaravam a mulher, que não entendia nada. Graças a Deus alguém disse que já conhecíamos, entramos, escolhemos o salão de dentro (era a sala de visitas ... ai se ela sala falasse...melhor deixa...)

Pedimos um vinho e acho que só voltei a respirar depois do primeiro gole. Eu estava cautelosa, parece engraçado agora, mas na hora, a cena teve uma carga dramática digna de cinema europeu.

Pedi para conhecer a casa, o mais correto seria (re)conhecer a casa, mas fiquei com preguiça de explicar para a gentil gerente toda essa história.

Andei pelo corredor que conduzia aos quartos, agora com mesas, uma decoração linda, tudo de muito bom gosto. Passei pelo quarto que foi do meu irmão. Voltei ao corredor. Dei mais alguns passos e entrei no meu quarto. Um milhão de recordações.

Fui até a varanda. A minha pitangueira!!! A pitangueira que eu plantei ainda está lá!! A mãe de todas!

Voltei chorando para mesa, não consegui manter o olhar blasé e nem o discurso budista de desapego.

Fui salva pelo vinho. Outra garrafa. Amém, Baco!!

Sai de lá feliz. A casa está feliz, realizando sua vocação de reunir pessoas, com bom papo, boa comida, boas bebidas e boa música.

Quem frequentou a Odorico Quadros, 280 sabe do que estou falando.


(video youtube - Trattoria Zafferano)

domingo, 8 de janeiro de 2012

Férias, Papai Noel, Baobás e o Pequeno Príncipe.

Fim de ano me estressa.
Não só pela correria de presentes, amigo secreto, lembrancinhas, mensagens, shoppings, mercado, ceia, peru, castanha portuguesa (que esse ano não comi). Mas, principalmente, pela consciência do tempo passando. Olhar o calendário na última folha de novo é estressante para mim.


Praia me desestressa.
Nada como molhar os pés no mar verde esmeralda de Porto de Galinhas para deixar todo estresse ir embora. Deus, obrigada por ter criado as praias do Nordeste Brasileiro. Iemanjá, obrigada por nos emprestar todo esse marzão lindo.



O Papai Noel tem celular, mas também tira férias.
Vini embaixo no guarda sol, pé na areia, mexendo no celular no pai. De repente para e fala empolgado com a prima: - Bibi, meu pai tem o celular do Papai Noel. Vamos ligar para ele?
... abafa ...
- Filho, o Papai Noel está de férias. Trabalhou demais esse ano. Precisa descansar.
Olhou desapontado pro celular.



Existem 18 Baobás catalogados em Pernambuco.
Fiquei empolgada com os Baobás. Mas só fiquei sabendo disso no dia de ir embora. Foi seu Josafa, motorista e guia de primeira que me contou, entre outras curiosidades. - Tem um baobá bem aqui - apontou a placa do vilarejo - com 350 anos e 15 metros de diâmetro. Perguntei sobre sementes, sempre quis plantar um baobá. Ele disse que era necessário muda e citou o Pequeno Príncipe como fonte. - No livro, o Pequeno Príncipe precisa removar toda raiz, todo dia, não pode deixar nada. As raízes são terríveis.
Me ganhou totalmente




Voltei pronta para 2012! 


(foto do baobá no site http://www.ipojucanos.com/)