domingo, 30 de maio de 2010

Para a minha querida leitora de Rio Preto

     Gosto de ler jornal no domingo, sem pressa, enquanto tomo café. Coloco uma musiquinha, geralmente escolho Chico, gosto da companhia dele no café da manhã. Começo folheando o jornal, separo pela manchete as notícias que me interessam, reservo Faço isso no jornal inteiro, antes de ler. Hoje não consegui passar do segundo caderno.
      A matéria - Felicidade por Decreto - sobre uma proposta de emenda à constituição que quer garantir ao povo o direito de buscar a felicidade. Não aguentei seguir o método. Comecei a ler a matéria "O que buscamos é que os demais direitos sociais sejam resgatados. Atualmente, estão incluídos no artigo 6º o direito à educação, saúde, trabalho, moradia, lazer etc" *
      Fiquei imaginando a seguinte sentença: Fica garantido o direito a busca da felicidade. Bonito isso.
      Não vou entrar no mérito político, nem se é utopia ou não, mas o fato é que nem consegui terminar de ler. Fiquei pensando no tal direito de ser feliz e cheguei a conclusão de que mais que um direito, é um dever que todo mundo tem: buscar felicidade. Deveria ser proibido desperdiçar uma vida inteira sem ao menos buscar a tal felicidade.
      Eu sei que felicidade não é um conceito fixo para todos, o que me deixa feliz, pode não deixar o outro. Talvez essa busca pela felicidade deva estabelecer alguns passos preliminares: 1. O que me faz feliz? 2. Onde fica o que me faz feliz? (na maior parte das vezes não fica longe!) 3. Como faço para buscar isso? 4. Buscar isso. 5. Ser feliz
     Como penso muito, comecei a pensar pelo outro lado. Nesse mundo de pessoas realizadas, ser feliz virou um obrigação. E como virou uma obrigação deixou de ser feliz. Felicidade e obrigação não combinam. Ou combinam? Talvez, para alguns, sim. E isso é liberdade de escolha. Acredito em livre-arbítrio acima de tudo, por isso tenho que desdizer o que eu acabei de dizer.      
      Meu decreto seria assim: Fica garantido o direito e o dever de escolher se  quer, ou não, buscar a felicidade. Mas me agrada muito que esse direito seja assegurado pela constituição.
      É bonito e deixa feliz.

*Luciano Borges dos Santos, presidente da Anadef.

sábado, 22 de maio de 2010

Fobia de agulha, a vacina da Gripe H1N1 e suas implicações na vida familiar.

    Tenho medo de agulha, na verdade é uma fobia. Tomar injeção, tirar sangue, fazer acupuntura e mais recentemente, tomar vacina, não são atividades Top Ten para mim.
     Eu não consigo controlar, fico dizendo para mim mesma: eu não vou desmaiar, eu não vou desmaiar. E de repente tudo fica preto, meu corpo começa a formigar, o mundo desaparece... com o tempo aprendi o que tenho que fazer para não cair.
    Por um período, tive que fazer exame de sangue todo mês, já chegava e pedia para deitar, deitada não dá para cair. Acupuntura só faço a laser (sem agulha) e injeção não tomo.
    Mas com vacina da Gripe H1N1, o que eu que podia fazer? O jeito foi enrolar. Enrolei a campanha do Ministério da Saúde inteira. O Vini tomou com pai, porque os dois tem bronquite. Eu tenho fobia, e não tomei.
   Até que começou a Campanha Familiar, e nesse caso o Ministro Temporão (ministro da saúde da época) tem muito a aprender, marketing bem feito é familiar.
      Minha mãe ligou dizendo que todos já tinham tomado. Meu irmão gritou do fundo, eu já tomei. A minha irmã ligou. Meu pai mandou recado. Minha mãe ligou de novo e falou com o pai do Vini. Um complô estava se formando.
      E eu fingindo que não era comigo. Eu vou tomar na semana que vem. Mas acontece que semana que vem a campanha de vacinação do Temporão já teria acabado. E eu, insistindo, tomo na semana que vem. Ontem, último dia, na hora do almoço a campanha familiar se intensificou. Eu já desesperada disse que isso era besteira. O Vini perguntou:
      - Se é besteira, porque eu tomei?

      (fiquei muda)

      - Mãe, não é besteira, é importante.

      Tomei a vacina sem chorar, sem desmaiar, sem chiliques. Só pedi para sentar, porque cair no meio do posto de saúde era demais, até para mim.

(editada em 13/06/21)

sábado, 15 de maio de 2010

O português nosso de todo dia.

      Não sou uma pessoa observadora, sou capaz de ficar horas conversando com alguém e não saber que roupa esse alguém estava usando. Mas, algumas coisas me chamam atenção e para essas coisas sou chata, muito chata.
      Por exemplo: quem fala errado, tipo, não usa a concordância correta, desconhece plural. Pessoas que ´sobem para cima e descem para baixo´ me incomodam.
      Tive um conhecido que sempre dizia: -Mas, assim, eu vou ´se ferrar´. Acho que se ferrou mesmo, coitado. Corrigi tanto o Vini que agora ele fala: Mãe, eu vou MEEEEEE trocar.
      Já o ´eu vou estar agendando ou eu vou estar falando depois de estar agendando´ me divertem.
      O pior para mim ainda são as pessoas que não `tinham chego`. E se eu respondo, sendo bem simpática: Ah! Ela não tinha chegado. Geralmente as pessoas me olham com dó. Coitada, não sabe que está falando errado. Tenho que confessar que um dia falei ´chego´, só para não discordar do senso comum. Depois rezei três Aves-Marias e um Pai Nosso pedindo perdão.
      Mas entendo que o português é uma língua difícil, que todo mundo comete erros. E ao cometer um erro, faça como eu: eu vou estar rindo de si mesma, antes de ter chego,  só pra não se ferrá.
Deus me livre!

sábado, 8 de maio de 2010

A minha mãe e a mãe do Vini.


     
      Hoje teve festinha em comemoração ao Dia das Mães na escola do Vini. Lá pelas tantas, ele entediado pergunta: Quando é que vai acabar??? Eu, como homenageada do dia, tive que rir da sua sinceridade. Ele não queria cantar música nenhuma, nem dançar e muito menos ficar brincando comigo no ginásio da escola.
      Depois do ginásio fomos pra sala de aula. Lá tinha um painel com as fotos das mães e uma frase que o filho fez sozinho. Como eu estava procurando o meu, acabei lendo as frases das outras mães. Tinha lá: Mãe você é linda! Mãe, você é muito importante para mim! Mãe, você é muito legal. Achei a minha frase: Mãe, você é muito inteligente.
      Fiquei pensando na imagem que o Vini tem de mim ...
     
      Estávamos assistindo televisão, eu, o Vini e minha mãe.
      - Vini, o que você acha de dar uma flor pra vó de Dias das Mães
      Ele me olhou bem sério.
      - Mãe, não dá para levar a flor no avião.
      Assunto encerrado.

       Ontem briguei com a minha mãe. Acho que o lance de que filho nunca cresce deve ser verdade, ela acha que eu ainda tenho 15 anos. Até hoje quando eu lavo o cabelo à noite ela briga. Me manda sempre colocar casaco. Ainda fala que eu preciso usar batom para ficar mais coloridinha. E o mais engraçado é que ainda fica me comparando com a minha irmã. Bom, ontem, fiquei brava ... mas, no fim do dia, tive que aceitar que pelo menos em uma das coisas que ela falou tinha razão.
      É, vai ver que o lance de que filho nunca cresce e, de que mãe tem sempre razão, está certo mesmo.

      Ainda estou pensando ...

domingo, 2 de maio de 2010

As palavras em mim.

      Dia azul, calorzinho bom e as palavras aqui dentro, dançando em mim, dançando pra mim. Não consigo pegá-las, elas escapam, mas é uma dança bonita de ver. Já li o jornal, sentada no sofá, com os pés no sol. Sol gostoso. As minhas palavras encontraram-se com as palavras do jornal. Entrosaram-se tão bem, quando dei por mim, a dança era baile. Bom dia, bom dia, bom dia e mais palavras se juntaram ao baile que já acontecia em mim. E as palavras embaladas dançavam ao ritmo bom da voz da Maria Gadu ...me colha madura do pé ... dizia a música. E as palavras da música se juntaram as minhas palavras, às palavras do jornal e às palavras das outras pessoas e todas dançaram. Ali onde havia espaço, um salão tão grande que cabiam todas as palavras, que dançavam para mim, em mim ...