sábado, 28 de fevereiro de 2015

Todos Juntos Somos Fortes

Faço parte de uma geração privilegiada. Assistia a Monteiro Lobato no Sitio do Pica-pau Amarelo ao chegar da escola. Lembro-me de um álbum, vinil, versão do Mauricio de Souza para Romeu e Julieta, ou seja, Shakespeare com os personagens queridos da infância.  Não posso deixar de mencionar A Arca de Noé. Vinicius, Toquinho, João Gilberto e, lógico, Chico Buarque.

Sei que só tive acesso a tudo isso, porque tenho uma família especial, pais que sempre incentivaram a leitura e a cultura. E o que tudo isso tem a ver com o momento familiar que estou vivendo? Com a recuperação do meu pai? E com o poder que a família tem?

Tudo.

Quando éramos pequenos, eu, meus irmãos e meus pais, gravamos uma versão familiar dos Saltimbancos, do Chico Buarque. Para cada membro da família, coube um personagem. Meu pai era o Jumento, minha irmã, a Gata. Eu, a Galinha. Meu irmão, com apenas dois ou três anos, auxiliado por minha mãe, era o cachorro. E cabia a ele dizer: au au au au au. A gravação foi feita em uma fita cassete, infelizmente, perdida. 

Hoje percebo que foi lá, naquelas noites musicais, que aprendi que Todos Juntos Somos Fortes! Ontem, ao chegar a Campo Grande com minha irmã, com a intenção de dar uma força e ficar mais perto da família, entendi a música. Entendi a lição iniciada há tantos anos. Desde que tudo isso começou, cada membro da família vem desempenhando um papel, papéis diferentes e complementares. Cada um com sua personalidade. Cada um com sua função, trazendo para recuperação do meu pai mais força.

Como diz na música:

“Todos juntos somos fortes
Somos flecha e somos arco
Todos nós no mesmo barco
Não há nada pra temer
- Ao meu lado há um amigo
Que é preciso proteger
Todos juntos somos fortes
Não há nada pra temer”

E assim, vamos para mais uma fase da recuperação. E assim, ficaremos para sempre, pois Todos Juntos Somos Fortes!

À família querida, mãe, irmãos, cunhados, tias, tios, primos, filho, sobrinhos, enfim, todos que têm participado tão ativamente dessa recuperação. Aos amigos de sempre, de dor e delícias. Aos amigos que há muito não tínhamos notícias, que ligaram, escreveram, oraram. Mostrando que amizade de verdade, independe de convivência. Amigos de todas as religiões, de todas as crenças, e até, sem crenças, torcendo, vibrando, desejando o bem. Uma prova de que são várias pontes, que levam a um só lugar. A um só Deus. A uma só força. A todas essas pessoas, meu mais profundo e verdadeiro obrigado!

A música termina assim:

E no mundo dizem que são tantos
Saltimbancos como somos nós.



Saltimbancos queridos, muito obrigada!



2 comentários:

Ilka disse...

Lindas lembranças!
Privilégio o de vcs que tiveram e tem pais tão especiais.
Seria maravilhoso o mundo se todos pudessem ter a atenção, o incentivo e o amor que tiveram vc e seus irmãos desde sempre.
Obrigada por dividir conosco tão sublime lembrança.
Bjos no coração

Anônimo disse...

Fer, eu adorei a ideia da gravação dos Saltimbancos familiar!!! Q pena q vcs não têm mais a fita, eu adoraria ouvi-la!!!
Também tive esse disco e amava.
Também rezei pelo tio Salgueiro na época e fico feliz q ele hj esteja bem.
Tenho saudades dos anos em que não passamos juntas...
Bjs. Nelma.