Além da tristeza de ver pessoas tão geniais partindo em
2014, fico com uma grande questão em aberto: será que pessoas tão geniais estão
chegando também?
Quando Rubem Alves partiu, fiquei com uma tristeza
engasgada, queria ter enviado para ele um exemplar da Fada de Botas, na
apresentação do livro cito a seguinte frase: Como disse Rubem Alves, devemos
ensinar as crianças a amar os livros. Queria ter compartilhado com ele um
pouquinho da história da fada, e de como ela está espalhando amor aos livros
por ai. Mas, por motivos tolos, acabei não enviando o livro a ele ... e ele
partiu. Choro engasgado.
Quando vi Manoel de Barros partir ... chorei solto e me senti órfã e mais solitária no mundo. Eu não o
conhecia, e mesmo assim, eu sabia que ele me entendia. Eu me entendia quando
lia suas palavras. Tive uma tristeza
regional, pelo poeta da minha terra. E nesse caso há duas interpretações
possíveis para esse regionalismo. Manuel vivia em Campo Grande, onde também
estão minhas raízes. Mas, além e, sobretudo, ele vivia nas terras das palavras
e dos sentimentos que compartilho. Orfã duas vezes. Quem agora poderá traduzir esse
sentimento de carregar água com peneira que é o ato de escrever? Com quem vou
compartilhar o gosto pelas coisas desimportantes? Dou graças a Deus, que poetas
são eternos e que escrever é uma forma de ficar para sempre. Choro de rios de
lágrimas desinúteis...
Ainda nem havia me recuperado desta perda, e Bolaños resolve partir também. Não estou comparando
em importância e arte essas pessoas que cito aqui, só estou compartilhando meus
sentimentos. Chaves tinha a inocência da
criança. Chaves fazia rir. Chaves teve o poder de contagiar várias gerações com
sua graça non sense. É a arte com o
poder de romper fronteiras. Depois de assistir no cinema a biografia do genial
Cantinflas, entendi melhor o humor do Bolaños. E me entristeci com sua partida.
Lágrimas da criança que se escondia no armário, como se ali fosse um barril.
Lágrimas de criança que ficou sem o doce.
Volto, então, para minha pergunta inicial: será que estão
chegando a esse Mundo pessoas tão geniais quanto as que estão partindo?
O prêmio Nobel da Paz para Malala, a menina de 17 anos, me
diz que sim. Após ler sobre sua história de vida, com apenas 17 e já capaz de
mudar o destino de tanta gente, lágrimas de esperança escorrem pelo meu rosto.
Chego a ouvir Deus lá de cima parafraseando o Chapolin
Colorado:
- Vocês não contavam com a minha astúcia!!!!
*obrigada Armandinho por traduzir tão lindamente essas desimportâncias.
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