Sou apegada a memórias, gosto de guardar cartas, papéis, bilhetinhos, fotos, diários. Acho impossível jogar lembranças fora. Sou possessiva com todas as palavras escritas pra mim. Guardo tudo. Não consigo imaginar nada mais precioso para carregar comigo por anos e anos do que palavras.
Hoje revirei um baú que tenho há muito tempo, correspondência à moda antiga. Ri, chorei, me surpreendi, revivi sentimentos e situações, senti saudades de amigos que passaram.
Há alguns anos, em uma época que eu andava meio perdida, lembro de um conselho que recebi: olha lá atrás, visite a criança que você foi, veja o que era genuinamente seu e parta daí. Na época recorri aos meus diários da infância e adolescência. E se hoje estou escrevendo esse blog, devo a essa volta ao passado. Ainda tenho meus diários, talvez esteja na hora de recorrer a eles de novo...
Acho que por isso o diário do meu avô me emocionou tanto, palavras escritas, palavras de amor, palavras que ficam pra sempre.
No
dia 21 de janeiro de 1940, ele escreveu sobre minha avó:
Nina chegou e
estivemos juntinhos durante muito tempo. É um anjo que tenho. À tarde fui com
ela à fábrica de camas e voltamos de ônibus. Estive em casa de dona Antônia, e
demos um passeio. Amei a Nina como ninguém
ama. Fui embora às 11:30 horas.
No
dia seguinte – dia 22 - escreveu:
(...) Nina
esteve em casa. Abracei e kiss. Fui
acompanhá-la até a estação. (...) Adeus minha querida.
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