terça-feira, 22 de novembro de 2011

Real Gabinete Português de Leitura

Estava, literalmente, sem palavras, mas no meio de tantas palavras impressas, as minhas, não eram necessárias.



O tempo parecia algo relativo ali dentro. Cada detalhe, a madeira escura e maciça dos móveis, o vitral do teto, o piso português, o lustre majestoso pertenciam a outro tempo. Um tempo que não corria como o de hoje.

Dei algumas voltas pelo salão, rindo de mim mesma, parecia uma criança no parque de diversões.


Sentei-me tonta em uma das escrivaninhas da mesma madeira escura.

Uma placa dizia: Homenagem a Machado de Assis, leitor assiduo desse espaço.
Machado? O Machado de Capitu?

O próprio, dizia a placa.

Eu acreditei.
Acreditaria em qualquer coisa que me dissessem.





Ouvi um ruído, um funcionário da manutenção com uma caixa de ferramentas andava no corredor do andar de cima. Lugar privilegiado, para poucos. Fiquei pensando se ele se dava conta desse privilégio. Parecia que andava alheio aos livros ao seu lado.

E perdida em pensamentos fiquei ali, sentada, na escrivaninha que eu tinha certeza ser a mesma que Machado de Assis usava.
E nem tentem me dizer que não era.

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