domingo, 21 de fevereiro de 2010

O Bosque das Árvores Bravas


Era um bosque lindo, as copas das árvores ficavam tão unidas que só se via pequenos nuances de céu, azul, cinza, noite. Nesse bosque, quase encantado, havia espécies diferentes, eram as árvores bravas. Por três dias, passei por elas e nada disse, fiz uma pequena reverência com a cabeça, tive por elas um respeito imediato. Elas também nada disseram, limitaram a observar-me. No quarto dia, amanheceu nublado, o céu era cinza chumbo, havia no ar uma tensão, aquele tipo de tensão que precede a tempestade, como se tudo estivesse suspenso, esperando que a chuva chegasse. O silêncio pairava no ar como uma matéria densa. Passei pelas árvores em direção ao café da manhã, assim que entrei no restaurante a chuva chegou: forte, intensa, boa. E os pingos batiam nas janelas de vidro enquanto o Chico cantava ... “como hei de partir se na bagunça do seu coração meu sangue errou de veia e se perdeu ...” Meu Deus, de um bom gosto incrível! Aquela cena beirava ao mau gosto, Chuva e Chico deveriam ser proibidos ao mesmo tempo. O café da manhã foi longo, durou o tempo da chuva, a chuva que o Chico cantou. Ao sair do restaurante percebi que o silêncio se fora, a vida acontecia no Bosque das Árvores Bravas. A chuva veio e deixou uma espécie de benção no ar. Ao passar pela Pintangueira Brava ela me disse, na sua voz de árvore brava: - Escreva sobre nós, escreva para não esquecer, escreva para se lembrar, escreva.

Um comentário:

San Alvin disse...

Concordo contigo minha amiga, Chico e chuva deveriam ser proibidos ao mesmo tempo...que saudades!!!