Cenário 1.
Logo que vim morar em Curitiba conheci a Família Folha. Família Folha, pra quem não sabe, foi o simbolo da campanha de reciclagem. Gostei das folhas e não sei porque comecei a chamar a minha própria família de Folha. Folha Mãe, Folha Pai e nós, filhos, folhinhas. Pegou. Ligo em casa e pergunto para minha mãe: -O Folha está?
Cenário 2.
Há alguns anos, um moço mineiro resolveu aventurar-se pelo Mato Grosso, terra selvagem, cheia de oportunidades. Na mesma época, moça paulista, pegou carona em um ônibus de estudantes, também para o Mato Grosso. O prefeito da cidadezinha fazia a recepção aos estudantes, aproveitou e chamou amigos, entre eles, um engenheiro mineiro. Moça ao descer do ônibus, tropeça, cai, machuca o joelho. Engenheiro vai acudir. Jeitinho mineiro, já de olho na moça que choraminga. - Chora não, ele diz, conheço remédio bom. Minha mãe me ensinou. Não tem erro. Posso? E sem esperar resposta ou reação, abaixa-se e tasca um beijo no joelho da moça. Deu casamento. Esse dia é até hoje comemorado - 19 de Abril - Dia do Índio - Dia do Conhecimento.
Cenário 3.
Cartão comemorativo ao Dia do Conhecimento, 44 anos depois.
"Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo." Neruda
Cenário 4.
Chorei, filha de folha plantada no peito que sou.
domingo, 27 de maio de 2012
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