domingo, 26 de abril de 2015

A arte tem esse poder, porque a vida não basta.



Estou arrebatada. Acabei de assistir ao Sal da Terra, o documentário sobre Sebastião Salgado. 
Há alguns anos, um amigo me apresentou ao mundo das fotografias. Lembro-me especialmente de uma foto de Henri Cartier Bresson: um beco, um homem e um gato. Foi divertido imaginar a história por trás da foto. Criamos várias narrativas para esse diálogo inusitado entre homem e gato. Discordávamos sobre o conteúdo da conversa, mas com um fato havia total concordância: a foto contava uma história.
Lembrei da foto de Cartier quando visitei a exposição das fotografias de Sebastião Salgado. No dia que visitei, me peguei pensando nas histórias por trás das imagens. Como escritora, sempre acabo colocando palavras no que vejo. A luz da foto, é a letra do escritor. 
Finalmente, conheci algumas histórias. As imagens ganharam palavras. Desde a primeira foto, na primeira história, meu coração já estava disparado. Lutei para conter as lágrimas.  Serra Pelada. Milhares de pessoas. Milhares de histórias.
Quanto sofrimento pode suportar os olhos e o coração de um homem? Não sei o que me impressionou mais. As palavras, as histórias, as imagens, a vida ou a morte. Milhares de pessoas, milhares de histórias, a imensidão. Gênesis ao contrário. A morte mostrando que há vida. A vida prevalecendo ao desejo da morte.
O sagrado e o profano lado a lado.  A vida. A morte. O silêncio. O escuro. A luz. Fim. Pisquei os olhos imaginando que pudesse fotografar o momento. Uma foto capaz de contar a história de um coração que batia desesperado ...

A arte tem esse poder, porque a vida não basta.